terça-feira, 9 de abril de 2013

A mãe que eu não quero ser




A mãe que eu não quero ser está otempo todo pedindo que seu filho abra mão das coisas pelos outros. Ele não pode dizer não quando quiser, quando escolher. Mesmo que quando faça isso, esteja apenas expressando seus pequenos desejos. O menino não é e não será uma criança sem limites por esse motivo.


A mãe que eu não quero ser diz sempre que o filho dela nunca faria isso ou aquilo. Como se pudesse colocar a criança na coleira o tempo todo. Como se umas das coisas mais legais de se ter um filho por perto não fosse lidar com a falta de ordem que nos pega de jeito em alguns momentos. Com uma personalidade que já existe e que, aos poucos, vai apenas se afirmando.

A mãe que eu não quero ser não tem imaginação, não tem brincadeira na mão, não tem tempo pra ser um pouquinho criança também. Ela só está preocupada com a própria vida, com o trabalho e como que pode aparentar ser. Não pode sentar na grama ou no tapete pra brincar um pouco. Não ligar se vai se sujar. Nem se lembra mais quando foi a última vez que riu com gosto com seus filhos. Deu gargalhada até chorar.

Eu não quero ser aquela mãe que está mais preocupada em dar os alimentos certos pro seu filho, do que carinho,amor e atenção. Como se o menino fosse ser feliz apenas sabendo que batatinha frita aumenta o colesterol e pirulito só tem açúcar.  Como se até ela, em dias estranhos, não quisesse um pouco de chocolate.

A mãe que eu não quero ser vive com a casa impecável sem brinquedos no chão. Nem parece que tem crianças por lá.

A mãe que eu não vou e nunca quero ser, jamais limpou o bumbum dos próprios filhos. Jamais cheirou a leite azedo. Nunca ficou sem dormir à noite. Se arrependeu do nascimento do seu bebê.

Há milhões de coisas que não quero ser como mãe. Muitas delas, posso já ter sido algum dia. Ontem. E nem por isso, me ocupo menos com essa missão de ser ainda algo melhor. Nem por essa razão, sou menos mãe, menos pessoa.

A mãe que eu quero ser sabe que não é nada perfeita e mesmo assim não se acomoda com isso. Não ignora que o melhor pro seu filho não é o que as pessoas vão apenas pensar dele. Ela olha pra ele. Acredita no que ele já é  e vai vivendo a vida com ele. Vai mostrando a cada dia que ele pode seguir seu exemplo. Que ele sempre terá em casa seu aconchego. Seu lar. Nunca deixará de ter no coração dela lugar pra  o menino.

Beijo

Esse texto é inspirado num post muito bacana que li num blogmuito legal chamado Ficções da Aline Valek.  

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