sexta-feira, 8 de julho de 2011

Quando o menino veio parar aqui dentro

Essa é uma história longa....

Eu não me lembro do que era a vacina, mas era época de campanha e todo mundo tinha que procurar os postos para se prevenir. Eu, claro, tinha deixado para a última semana, última hora de todas. Era estagiária na Radiobrás e depois do horário resolvi ir ao posto com uma amiga tomar a agulhada.

Fui parar no único posto no caminho de casa. Não vou falar o nome pra não ser processada já que tudo foi desse jeito por conta da enfermeira que me atendeu.

Eu não tenho uma boa experiência com enfermeiras. Acho que elas são usadas, em alguns momentos, para te surtar e isso eu digo por conta do meu parto. Essa eu conto depois.

Enfim, cheguei ao posto, peguei a fila. A minha amiga, que vou chamar aqui de Juliana, estava na minha frente e entrou normalmente para ser vacinada. Quando chegou na minha vez, a enfermeira fez a seguinte pergunta sem nem dizer olá.

- Você ta grávida?!
- Não! Pelo menos, não que eu saiba...
- Se você tiver grávida não pode tomar a vacina.
- Mas eu não tô grávida.
- Se você tomar, seu filho pode nascer com problema.
- Mas eu não to grávida. Não que eu saiba...
- Se você não sabe, é melhor ter certeza.
- Tudo bem, mas eu acho que não to não.
- Ce já fez o exame?Vai na emergência...É melhor ter certeza.

Não tomei a vacina. Fui ao médico no dia depois e pedi pra fazer um BHCG. Contei pro ginecologista que a enfermeira tinha me deixado meio grilada. Citei a história em total tom de deboche e o médico nem me deu muita bola... Nem tentou me tranqüilizar. Tudo bem, era tudo meio maluco mesmo, minha menstruação nem tava atrasada.

Fiz o exame e deu, claro, negativo. Essa história era meio sem pé e nem cabeça. Ninguém bate o olho na pessoa e diz que a outra ta grávida,né?!

Duas semanas depois, num sábado, passei o dia todo tonta. Era agosto e todo mundo que mora em Brasília sofre com a seca. Eu sempre senti muitas tonteiras nesse período. Era super normal, mais uma vez, ficar com o nariz ressecado e sentir aquelas coisas todas naquele período.

Estava indo pra igreja, com meus amigos, e minha mãe me ligou.

-  Oi, mãe.
-  Olha, eu quero que você fique tranqüila. Deus me falou aqui que não é pra você se preocupar. Ele vai providenciar todas as coisas pra vocês. Você e o João devem ficar tranqüilos. Ele é a provisão de vocês.

(Meu olho enche de lágrimas só de lembrar)

Desliguei o telefone e comentei com os meus amigos que minha mãe era engraçada. Ela me ligava e falava umas coisas...Contei o que ela disse e brinquei que nem sempre eu entendia algumas palavras. Sempre parecia que alguma coisa ruim estava por vir...

Enfim, não melhorei à noite. Falei com o João e resolvemos sair mais cedo do culto pra ir ao hospital. Tinha exatos 7 meses que eu tinha me casado. Entramos no consultório e falei com o médico sobre a seca. Ele disse que era melhor a gente fazer um BHCG,  só pra ter certeza que eu não tava grávida. Falei da enfermeira doida, que não tinha tomado a vacina e que o exame infalível de sangue tinha dado negativo. Ele riu e disse que ainda assim, era melhor a gente começar a investigação ali.

Ok, Doutor. 

Tirei o sangue e fiquei esperando os 40 ou 50 minutos com o João fora do consultório. Quando o médico me chamou, o João não quis entrar. Tudo bem, é assim mesmo. Entrei no consultório e o médico tava com o resultado na mão.

- E aí, doutor?
- Parabéns! Você vai ser mãe.
- ã?
- É isso. Você tá grávida.

Eu não tive reação. Saí em estado de choque do consultório e falei pro João que ele ia ser pai. Não nos abraços e nem nos beijamos. Eu sempre brinco que quando dei essa notícia pro João, ele viu um monte de $$$$$. 

Fomos calados para o carro e calados ficamos durante cerca de meia hora.  Até que eu disse:

-Posso chorar?
-Mas você tá triste?
-Não...

E já comecei a chorar descontrolada. A sensação é uma mistura de euforia, felicidade, medo, insegurança, desespero...mas alegria. Pensei em tudo aquilo que minha mãe tinha falado e até comecei a achar que a enfermeira, de certa forma, não era tão maluca assim... 

Eu e o João oramos e ele me disse.

- Vai dar tudo certo, Gabi. Você acredita?!
- Acredito...

E o resto, basicamente, vocês já sabem.

O Gael nasceu dia 28 de abril de 2009. Desde esse dia, o sol parece que mora lá dentro de casa.

Beijos

6 comentários :

  1. Anhh Gabi!

    Q linda história!!

    mas e essa enfermeira hein?
    Deus protegeu o Gael!

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  2. Lindo! Tô com os olhos cheio de lágrimas.. (Sei que, por estar grávida, os olhos se enchem de lágrimas por qualquer coisa, mas esse definitivamente não é o caso!)
    E Deus é assim mesmo. Providencia TUDO!

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  3. Valeu, meninas. Como não entendemos as coisas de Deus,né?!Vivendo e aprendendo. Vai vivendo, vai vendo as coisas rolarem.

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  4. Só pra constar, definitivamente despesas não foi meu primeiro pensamento quando recebi a noticia! rs

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  5. Ai Gabi!! Muito emocionate, viu? Eu to quase chorando aqui tbm.. rsrs

    Com o Matheus foi basicamente a mesma coisa, só o primeiro exame foi de farmácia e a reação do meu marido foi rir, rir demais.. acho que de tanto nervoso deu ataque de riso nele. haha

    Mas enfim.. Deus prove mesmo!! E o Matheus foi a melhor coisa que nos aconteceu!!

    bjus!!

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