Nem de longe eles fazem a noite
tranquila. Ela é agitada, ainda que todos durmam. De um lado, o menino mais
velho dorme e dorme bem, sem interrupção. Apenas fala algumas poucas palavras.
As vezes. Outro dia, choramingava. Se revirava de um lado e outro e pegava a
cobertinha nas mãos. Espremia o tecido entre os dedos e se segurava como se
pudesse evitar, talvez em sonho, o cair. Não sei se era cair. Quando acordou
perguntei se sonhara algo ruim, mas ele disse que não.
-Tive sonho nenhum...
No remelexo na madrugada chamava
a mãe. Quando ela chega perto e sussurra ao ouvido perguntando se ele está bem,
o menino, diz que está triste. Triste por qual motivo? Ninguém tão pequeno tem
algo sério assim pra se sentir triste. Não, não na minha opinião. Não aquele
menino nessa casa. Não era nada. Só remelexo, só conversa fiada. Nada que ele
se lembraria de manhã.
O outro mais novo
também se remexe no berço de madeira que está no quarto da mãe. Ela olha no relógio e conta nos dedos: Uma,
duas, três, quatro horas. Sim, é hora de dar o leite ao pequeno.
Enquanto tenta entender o motivo
da tristeza do nada do outro, se deita e arruma o travesseiro pra aconchegar o
bebê ao seu lado. Pensa que não pode dormir pra não correr o risco de deixar o
bebê sufocar ou de jogar o corpo, ainda sobre os efeitos da gravidez, sobre o
menor. Ele ainda vai pedir comida mais uma vez até o sol nascer. Ele mama e
dorme num ritual diário. Pode levar minutos. Poucos ou muitos.
Lá se vão uma hora, duas. Nisso a
noite se vai. Se um se aquieta é hora de saber como o outro está. Imagina se eles dessem trabalho. Imagina se eles não
dormissem.
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